2º PRATA DA CASA | CONHEÇA OS SEMIFINALISTAS: MATHEUS LESCHNHAK — CATEGORIA POEMA
- Casa Brasileira de Livros

- 14 de jul.
- 2 min de leitura

SOBRE O AUTOR
Nasceu em 2001 em São José dos Pinhais, Paraná. Escreve poesia desde os doze anos, mas ainda não publicou nada de forma séria (que bom). Estuda Letras na UFPR, é professor de língua portuguesa e trabalha com mediação de leitura.
O POEMA SEMIFINALISTA
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Doze do doze de dois mil e doze
ainda não foi dessa vez, mas o céu
da cidade cinquent’anos depois
já nos habitua ao futuro em Marte,
suas nuvens de síndromes baratas
que ao pôr do sol dão belas obras plásticas
Talvez, então, as cirurgias plásticas
não tenham mais lugar em meio às doses
e camadas de gases – mó barato –
cegantes, num tubo de ensaio o céu
à nossa disposição, junto ao mar de
águas revoltas, terra, caos, depois…?
Vira-se a chave e faz-se a luz depois,
e antes abaixe os óculos de plástico,
ou o escafandro, para ver uma arte:
um mundo que não sabe se são doze
ou zero hora, o início ou o fim do seu
fim: liquidação: tudo mais barato.
Mas foi caro (foi?) todo esse barato,
antes luxo, depois lixo, depois
lança-perfume que se lança ao céu
em oferenda a deus nenhum de plástico-
-bolha que estoura que nem uma doze
os tímpanos e os símbolos de um Marte.
Raia fulva e fulgente a estrela Marte
quando sopra um vento desbaratado;
morrer então parece ser tão doce,
ainda mais ao lembrar que se depôs
um vácuo de petróleo e virou plástico
o orvalho que um anjo exsudou do céu.
Não dá, o peso é demais do outro céu,
vai cair e é tão difícil de amar-te
em tempos de cólera e microplástico,
em que só é possível o amor das baratas –
já que só pra elas haverá um depois,
quando bater (será?) de novo as doze.
E enquanto as doze não batem e o céu
as pragas deixa pra depois em Marte,
vou amar barato e sonhar com plástico.




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