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PENA DE OURO 2024 | CONHEÇA OS FINALISTAS: MARIA IRIS LO-BUONO — CATEGORIA CRÔNICA

  • Foto do escritor: Casa Brasileira de Livros
    Casa Brasileira de Livros
  • há 7 dias
  • 3 min de leitura
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SOBRE A AUTORA


Maria Iris Lo-Buono é médica mineira de BH, de cozinhar em fogo lento e render prosa com sotaque. Como especialista em Neurociências pela UFMG, há 17 anos em SP é terapeuta e consultora em comportamento humano, o que a inspira para a escrita. Livros publicados: 

"A ClearSale tem um segredo - as pessoas”, (Intergraf, 2011) 

"Namoradeiras em Quarentena - Poemas nas Janelas" (Ofício das Palavras, 2020)

 "Namoradeiras em Terapia - Poemas no divã" (Ofício das Palavras, 2021)

“Meu feminino está de prosa” (Ofício das Palavras e Santa Sede Editorial, 2024)

 Coautora em “Futuro por Herança, 2023 e Bilhetes de Viagem, 2024 (Santa Sede Editorial)

            Premiações:

Pena de Ouro (2024) Crônica – 4º finalista

Prêmio Off Flip: Crônicas e Poesia (2024) – Finalista; Crônica e Poesia (2025) - Destaque

Antologias do Selo Off-flip: Natal (2024) Poesia - 2º lugar; Nós3 (2025) Poesia – Destaque; Terra (2025) Conto, Crônica e Poesia - Destaque

Prêmio Academia Teresopolitana de Letras (2022) Poesia – 2º lugar

Revista Fluxo #13 e Revista Escrivas #7 (2025); Coletivoaspasduplas (2025); Antologias Vivara (2021) e Vira-Tempo Editora (2025) – Poesias selecionadas

Prêmio Ruth Guimarães de Crônicas (2025) pela União Brasileira de Escritores - Finalista 



A CRÔNICA FINALISTA


Ainda fico com o primeiro


Não quero me apaixonar de amanhecer magricela, só com sede de lua e sem fome até de chocolate. Nunca mais. Quebra-cabeça de geladeira, escolher mamão na feira, tingir cabelo e depilar com cera quente? Nem pensar. E adular filhos, esposo, irmãos e uma renca de amigos amassando biscoitos e forneando roscas… ah eu passo. Mentira, eu quero! E nesse dilema entre o custo e o benefício; o frisson e o prurido; o deleite e o sacrifício, a gente se esquece de ponderar. Onde pesa mais? Pra quem?

Sem resposta fui nesse quero-mas-não-quero bufando uma cuspidura de desconjuros em passo de valsa com não-quero-mas-quero até que me vi no espelho, quando a li. Ela já tinha pisado no sim e no não ao mesmo tempo, outro dia mesmo… tô perdoada!

Rachel de Queiroz foi quem me serviu uma delícia palatável (uma boia salva-vidas) com sua linguagem modernista dos anos 1950 em “Talvez o último desejo”. Entre tantos nomes na capa, lá está ela, mulher solo das escolhas do organizador Joaquim Ferreira dos Santos entre os autores que nos abençoam abrasivamente dos idos de 1920 a 50 na antologia As cem melhores crônicas brasileiras. A rechonchuda vigésima reimpressão. Pudera, ele também acredita que a autora que escolhi e todos os outros transcederam a edição do jornal e nos amanhecem ainda num frescor mentolado de janela aberta às cinco.

Quando nossa cronista, vestida de coragem para continuar vivendo, se põe de olho no dia seguinte e exclama que se deixássemos o dia de amanhã em paz ele se cuidaria, assim como o de ontem o fez, fechei minhas aspas. A mão direita e a esquerda justapostas me falando que, embora uma receba o comando de um lado, a outra acata justamente o contrário. Queiroz que queria tanto mandar tudo e todos se danarem, vai declamando (sim, porque pra mim aquela crônica é pura fisiologia poética) que seu “inquieto coração que ama e se assusta e se acha responsável pelo céu e pela terra, o insolente coração não deixa”. Nem o meu, que é feito baba doce. Nunca dá ponto de bala. Dessas que matam uma chegança, um amor de pé de ouvido, um fuzuê na cozinha com panela pelando pedindo passagem…

A crônica de Rachel não passa como uma dor de cabeça ou de cotovelo. Não tem remédio pra esses tormentos de um coração cismado que “nasceu cativo... tem que cuidar do mundo ou espreitar os desejos de alguém”. Ela nem sabe que espirrou em mim umas vontades – embora sucumbidas pela autora – de largar mão desse quiprocó lufa-lufa e caçar uma rede com livro na mão. Vai que eu me apaixono no caminho pra viver de brisa, só com sede de lua e sem fome até de chocolate… quero.


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