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PENA DE OURO 2024 | CONHEÇA OS SEMIFINALISTAS: CELSO JOSÉ CIRILO — CATEGORIA POEMA

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SOBRE O AUTOR


Nascido, em 07/09/1960, na cidade de São Sebastião do Paraíso – MG. Reside atualmente em Uberlândia – MG. Cursou Letras na UFTM, em Uberaba – MG. É mestre em Teoria Literária pela Universidade Federal de Uberlândia. É poeta de gaveta e ocasião, publicou artigos sobre estudos literários em livros e revistas acadêmicas e possui poucos poemas publicados em algumas antologias. Foi finalista IV edição do Prêmio Pena de Ouro 2023; vencedor I edição do Prêmio Prata da Casa 2024; semifinalista V edição do Prêmio Pena de Ouro 2024 e semifinalista II edição do Prêmio Prata da Casa 2025.



OS POEMAS SEMIFINALISTAS


FOI COMO SE...


Foi como se explodisse, intensa, a bolha do

silêncio por sobre os telhados amordaçados.   

Fosse a claridade apressada de um arrebol

e teria escutado a sua voz leve avermelhada.

Fosse a súbita incursão de um cometa 

pelas paredes obtusas da madrugada e teria

antevisto as trombetas inaudíveis dos anjos. 

Foi, todavia e apenas, a suave explosão de

um pensamento, o parto artesanal de um   

insight, o imprevisto ranger de uma ideia.  

Fugaz, mas não volúvel ou imperceptível. 

A ponto de parir um redemoinho mental e

sacudir toda aquela poeira inalienável que

reveste os restos embalsamados do tempo.

Penso haver uma luminosa causalidade que 

instiga nossos corações a se debruçarem sobre 

as nossas contradições. Encará-las, extrair-

lhes o sumo temporal dos seus desnortes,são dádivas ou propósitos existenciais para

que estejamos quites com a nossa memória.Uma luz abrupta nos interstícios da noiteé um portal, uma senda que nos direciona ao exercício de reler os nossos breviários.E neste lugar, sozinho, ao clarão vivo    

das tantas ausências e abandonos, eu 

insisto em acreditar nos meus erros.

Eu teria escrito esse mesmo caminho 

e teria inventado essas mesmas pedras. 





PARA ACORDAR O VOO DE UM PÁSSARO


Medito no canto desterrado das aves urbanas

tão perto dos resmungos de tantos carros feios 

                                              e mal-humorados. 

Acordo altruisticamente para esses pássaros

que acendem uma luzinha

                [bem pequenina]

nas traves sombrias dos nossos pensamentos

e carimbam um gosto lento de arrebol

no reverso dos nossos insights imagéticos.

Partem.

Retornam, porém, sobrevoando os confins

das nossas aerovias e trazem um mapa

      abarrotado de viagens transcendentes

                              e nostalgia existencial.

É triste, 

inevitável talvez, 

mas estamos abdicando da herança alada

                                                    das aves

e já não temos mais ouvidos para as cores surreais

das cidades crepusculares do Al Berto.

Estamos esquecendo a iridescência aeroviária

                                             dos nossos ermos.


Passei a vida mergulhado nas vozes veladas 

                       e veludosas dos meus ventos,

esperando decifrar a iconografia libertária

do pássaro-mago que atravessa as estradas

                                      dos meus ouvidos, 

                                              todos os dias.

Tentei desvelar o simbolismo fonético 

               da sua linguagem mais remota

mas acabei exilado dentro do meu dentro.

Sempre tentando um voo tímido e curto.

Sempre me equilibrando entre dísticos poéticos,

                                                           paradoxos

                                                e medos atávicos.

Sinto-me despindo - talvez seja inevitável! -

daquele espectro lírico-alaranjado dos sonhos

que me permitia escutar as cores surreais

dos cenários crepusculares do Al Berto.

Deduzo, então, 

que preciso escancarar os meus parênteses,

poetizar as engrenagens das minhas asas,

reciclar os meus mapas de voo

e depois vomitar todos os dejetos 

dessa neofobia contemporânea  

para que eu não termine os meus dias

com os pés fincados no barro.






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