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PENA DE OURO 2024 | CONHEÇA OS SEMIFINALISTAS: CÉSAR HENRIQUE DE PAULA BORRALHO — CATEGORIA POEMA

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SOBRE O AUTOR


Nascer em Codó, interior do Maranhão, e ser trasladado, ainda recém-nascido, para a capital, São Luís, não é, para César Borralho, uma simples nota biográfica — é o marco inicial de uma existência moldada entre raízes e deslocamentos. Poeta de travessias líricas e reconhecimentos discretos, sua escrita vem sendo celebrada em distintas geografias da cena literária brasileira. Seus versos conquistaram o primeiro lugar em concursos nacionais realizados no Maranhão, no Rio de Janeiro e na Paraíba, compondo uma trajetória de premiações que atravessa o tempo sem pressa. Também foi laureado com o Prêmio Nauro Machado e figura entre os autores destacados nas edições do Prêmio Gonçalves Dias (2021 e 2022), promovidas pela Academia Maranhense de Letras. Sua obra está presente em antologias e publicações de editoras como Vivara, Patuá, Trevo e Absurtos, além de figurar em projetos culturais da UFMA, do Papoético e da Casa Brasileira de Livros. Em 2024, foi semifinalista do Prêmio Internacional Pena de Ouro, dedicado à produção poética da lusofonia. Sua poesia, firme e serena, é gesto de escuta — e um modo sutil de habitar o mundo com palavras.



O POEMA SEMIFINALISTA


Travessia


É noite de lua minguante.

Os sonhos desvanecem no ar,

as sombras dançam distantes

do náufrago que morreu ao nadar.


A arena amanhece vazia.

Em apoteose o sonhador treina 

para a partida sepulta na areia.

A maré arrasta na espuma a insulina

e autoriza na taça a cirrose.


Alheia em tanto cuidado, a manicure

trata as unhas do pé,

amputado por tamanha necrose.


A esperança é funcionária aduaneira,

taxa a fé no resgate e envia

a guarda costeira em busca do corpo

há dias no fundo do mar. 


Na travessia implacável do tempo

a serenidade do sal nos vem contar

que a vida é mesmo assim:


— A opulência das morsas

sobrepujada pela altivez do marfim.


As imagens surgem em pares no livro,

páginas gêmeas libertas da história:

uma se rende à fogueira do olvido,

a outra persiste e recria a memória.


O tecido do tempo, manto providencial,

sustenta a sacola puída dos planos;

a gravidade furta elevados desígnios

às profundezas dos abissais oceanos. 


A tarde intumesce!

O ocaso está prenhe de aurora.

Se algo se encaixa na brevidade da vida,

uma parte fica e a outra vai embora.


Na desventura, se recomeça menino:


— Forjando a canoa do berço que se perde,

navegando nas águas do avesso destino.






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