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PENA DE OURO 2024 | CONHEÇA OS SEMIFINALISTAS: VLADIMIR QUEIROZ — CATEGORIA POEMA

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SOBRE O AUTOR


Vladimir Queiroz da Silva (1962), natural de Feira de Santana (BA), graduado em engenharia química, com especialização em engenharia de petróleo. Membro da Academia Feirense de Letras.

Publicou os livros: Seres & Dizeres (1995), Terracota (2001), Infantilis (2003),  ABCdito e outros ditos mais (2003), Apokálupsis do Sertão ( 006), Luminescência (2008), Instinto (2010), Alcatruz (2011), Nuances (2012), Muxarabis (2015), Brasileirança (2016); Kairós (2020), Kara wã (2022), Tropo (2025). Sagittarius (2025)

O livro Nuances foi publicado em Portugal, Romênia, Colômbia e Itália. O livro Luminescência foi publicado na Itália. O livro Muxarabis foi publicado na Romênia. O livro Kairós foi publicado na Itália, Romênia, Chile e Albânia.

Participou de diversas antologias e revistas no Brasil, Colômbia, Portugal e Romênia.

O livro Kara wâ recebeu o Prêmio Book Brasil 2022 - melhor livro de poesia. O livro inédito Abayomi recebeu o Prêmio Literário Cidade de Manaus 2024 - melhor livro de poesia.

Participou de eventos literários internacionais como conferencista em Portugal, Colômbia, Itália, Romênia e Moçambique.

A poesía de Vladimir Queiroz busca inspiração no escondido das coisas, nos contornos indefinidos, nas transparências, nas imagens nebulosas ou não vistas, repeta de um olhar fulminante dessas pequenas sutilezas despercebidas. São imagens cotidianas com uma forte preocupação no trabalho exaustivo da linguagem e na exaltação do belo.




O POEMA SEMIFINALISTA


MARCHA


As formigas caminham

uma após a outra

em fila indiana

divinizando o futuro

próximo,

ainda sem conhecer

a Índia

nem os elefantes que lá habitam

comungam

da mesma forma de caminhar.

Mas como compreendem o que pode

vir amanhã?

Baudelaire se pudesse 

traria uma explicação metafísica;

Proust uma outra mais avançada.

Os arautos perpassariam 

pelo umbigo um piercing e trariam à tona

as estranhas

estranhas.

Os pescadores, talvez, enfiariam um fino anzol

pela língua

e trariam à tona a fala,

enfileirada por um rabicho de pipa

aos pensamentos mais profundos

e se jogariam ao mar.

E gritariam um afogamento mudo

por não saber nadar.

Perpetuariam, assim, a ladainha ouvida

pelo deserto por anos a fio.

E conduziriam os rebanhos pelos penhascos,

pelas vielas 

e retornariam sempre ao ponto de partida,

com uma lamparina

de um azul intenso

derramado da chama

de parafina.

Poderiam ver o infinito

oblíquo

oblongo

e tão longo

e tortuoso

que soltariam o lodo

do outro lado das pradarias

e campos relvados,

para ruminar a matéria mastigada

como uma fibra indigesta,

gestada por nove meses

num ventre impuro

por sobre um monturo de germes,

e o gemido farto 

se refestelasse

por sobre a planície oval

translúcida

e acompanhasse o grito

da rapinante voz que ecoa

e voa.

Plaina e vê todo o ângulo oculto

e diminuto,

escondendo o detalhe revelador

da vergonha.

E reza a cada hora incerta

a certeza da fé do profeta.

Vai a seta com a cicuta

atingir a garganta que traz

à mostra as faíscas dos neurônios

que entraram em curto-circuito,

e cegaram a vista daquele que passa e caminha,

que nem formiga uma atrás da outra

em fila indiana.

E não saberia talvez soprar o argueiro

desenrolar o novelo

e novinho em pelo

galopar pelos vales relvados,

sentindo a brisa sobre o dorso,

as ventas ofegantes,

selvagens e etéreas,

passando por sobre as pedras do caminho

e desgarrando-se da trilha,

traçada pelas formigas em marcha.


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