
SOBRE O AUTOR
Nascido em 15 de janeiro de 2001, Cassius Iordano é apaixonado pela literatura clássica desde adolescente. Os contos de Poe foram as portas de entrada para o rico universo literário — e então Goethe, Dostoiévski, Tolstoi, Kafka, Shakespeare, Dante, Milton, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Machado de Assis, Virgínia Woolf, os antigos clássicos da tradição mitológica tanto ocidental quanto oriental, como Ilíada, Eneida e a Epopeia de Gilgamesh — e diversos autores, mitos e histórias rechearam seu universo literário. Tem se dedicado à escrita há menos de meia década, porém cada vez mais se encanta — participou de algumas antologias, como a do XXII Prêmio Estadual Ideal Clube, e foi finalista na segunda edição do Prêmio Pena de Ouro. Atualmente estuda Cinema e Audiovisual na UFC.
O POEMA SEMIFINALISTA
A Queda do Céu
I
Meus sonhos são pardais brandos,
escapam-me sem remorso,
pois livre é seu canto,
de nada vale meu esforço.
Nesses esgotos surreais
termina o meu reinado,
longo e prolongado adeus.
Impero durante o fracasso,
meus súditos são os mortos
e meu Deus é o cansaço.
Vivo a época de um instante
e o instante de uma época.
Entre cada estalo de chuva,
entre cada suspiro dado,
no limite dos desertos
termina o meu reinado.
II
Lágrimas do céu se esvaindo,
como a queda de uma estrela
que rasga o ventre da noite.
Essa é a arte de meu reino —
O tropeçar do bêbado manco;
o espaço entre cruéis açoites
e vívidos desejos em branco.
III
Jamais acreditei no que digo —
entre as letras e entrelinhas,
vastos edifícios de sombras vagas.
Aqui é um desfazer-se de malas —
não há nada, impotência minha,
estrada de faltas e ausências largas.
Não há verdade, não há razão —
há cadafalsos de mentiras,
palavras vazias ditas em vão.
É o pôr do sol, morrendo nas águas,
sangrando nas cristas das ondas.
É a folha que dança enquanto tomba.
É o espetáculo das últimas mágoas,
cujos dedos deitam sono profundo;
o encontro de dois cisnes brancos
no sonho disperso de outro mundo.
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