SOBRE O AUTOR
Me chamo Gabriel Adller Dantas da Costa, acabo de completar 25 anos. Nasci em Taguatinga, uma cidade satélite de Brasília-DF, sou graduado em Psicologia, tradutor freelancer e estou me preparando para ingressar no Mestrado enquanto cultivo uma formação contínua em Psicanálise. Mas, antes de tudo, sou um amante da palavra. E o todo desse amor, que nunca se deixa dizer inteiro, de tanto não caber, transborda em mim pela literatura.
O POEMA SEMIFINALISTA
Miragens de Ícaro
A sede da algema sacia o terror
De habitar um espaço sem linhas
Rastros de gozo têm do labirinto o sabor,
E o saber que as fronteiras são minhas:
O gosto de angústia de um perpétuo labor,
Em que o suor da engenhosa tarefa refina
As plumas de cera que um regalo partilha.
O ovo indefeso do ego para a vida rapina
É um Ícaro zonzo encantado pela paterna armadilha.
Sua fome do depois do céu atinge o Sol,
Que a medida de Deadalus ensinou evitar.
Quando seu amor vendado flameja um farol,
A Flecha da Queda veloz sibila o último ar,
E, como lança de luz perfurando um lençol,
O céu devorado encosta na fome do Mar.
Sem o céu: não há promessa da asa
E sem a asa não há o risco da Flecha
Mas o céu de dentro tem fome de voo
E as Asas da Vida não temem o Sol ou a Queda
Pois mesmo queimando desejam o fogo
E mesmo no infindo abismo caindo
Do próprio Tempo sugam o fôlego
E da própria Morte a força que eleva
Para pairar em decadência gloriosa
E testemunhar a heroica ruína do mundo
Vendo a Terra Turquesa como gota de orvalho ruidosa
E o vazio silente como fruto do espaço profundo
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