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PRATA DA CASA | CONHEÇA OS SEMIFINALISTAS: GUSTAVO GOULART

Foto do escritor: Casa Brasileira de LivrosCasa Brasileira de Livros



SOBRE O AUTOR


É de Juiz de Fora, MG. Laureado por 2 vezes pela Lei Murilo Mendes (2005 e 2008). Formado em Comunicação Social pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). Foi crítico literário, crítico de cinema e consultor político e de comunicação em nível federal.



Publicou:


Estado ao Vento” – Funalfa Edições, Juiz de Fora, MG (2006),


Pequenas Coisas” – Nankin Editorial, São Paulo, SP (2009),


Algum Mal & Outras Pequenas Coisas” – Ibis Libris Editora, Rio de Janeiro, RJ (2013),


Interregnum” – Ibis Libris Editora, Rio de Janeiro, RJ (2020) e


A Educação do Pai” – Caravana Grupo Editorial, Ouro Preto, MG (2024)


(em pré-lançamento).



“A poesia de Goulart aproxima seu leitor das coisas palpáveis, e a permanência arquetípica das questões existenciais estão evidentes na voz do eu lírico(...)”* que “leva seu leitor a pensar na natureza e na simplicidade(...)”* “e ‘a simplicidade sempre foi uma marca não só da verdade, mas também do gênio’”**.



*BATISTA, José Geraldo. “Resiliências Literárias”. Caratinga, MG: FUNEC Editora, 2021.


**SCHOPENHAUER, Arthur. “A Arte de Escrever”. Porto Alegre: L&PM, 2008. 



O POEMA SEMIFINALISTA


ACERCA DA POESIA


Não há o que pôr na poesia. Tão estúpida é a poesia...

Fica tudo melhor em prosa, em mídias digitais, fitas,

televisão, cinema, música e pintura. Poesia? Ah! Que

importa a poesia? Não é caso de preconceito... É de

inadequação: o texto poético não serve. Não para tudo

do jeito que está. Cães sem tempo do latir, abelhas sem

tempo de mel, árvores sem tempo de sombra, homens

sem tempo de morrer, aves sem tempo de céu. Horário

digital pra acordar, vazio, excesso. A cabeça não

comporta. Como a poesia não comporta.


Lembro até do tempo em que a poesia servia. Havia um

frio mais forte na cidade. Havia um calor mais forte.

Havia uma cidade. Sempre havia. Havia um sonho. Feito

de outro sonho. Que se dividia em dois: um estático e

outro rio. Havia meninas de vestidos macios. Havia

meninas nas ruas. Todas de vestidos. Leve algodão-doce

eram os vestidos... Ao tocá-las vestidas como tocá-las

nuas.


Hoje – tudo em mídia prosa – há uma rosa morta na

rua. Há uns olhos tristes, presos, “não com remédios mas

com a ausência que a tudo povoa”*. Há homens em

discos. Não há homens com papel.





*Edimilson de Almeida Pereira, “Agonia e Sorte de Stela do Patrocínio”. In Zeosório Blues (Poesia reunida vol. 1).

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