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PRATA DA CASA | CONHEÇA OS SEMIFINALISTAS: MARIA TEREZA DE MORAES SOUZA




SOBRE A AUTORA


Sou natural do interior de São Paulo, de onde trago o acento de minha fala, muitas histórias e as memórias de infância. Aqui no Paraná, desenvolvi minha atividade profissional de médica neurologista, atendendo pacientes portadores de doenças raras. A vida me selecionou para ser a mãe da Izadora e do Francisco, dois pré-adolescentes cheios de criatividade, de quem aprendo - a cada dia, as lições práticas do amor. Literatura  é o meu resgate, a minha voz: e a voz que empresto, dos grandes e imortais, para narrar meus passos . A arte me enleva e é minha epifania. 

Um dia, hei de escrever meu próprios livros. 



O POEMA SEMIFINALISTA


Eu quis ficar mais um pouco


No esquadro deste teu corpo

Eu quis ficar mais um pouco

Enquanto o tempo escorria

Pelo abismo das pupilas

No esquadro deste teu corpo.


Eu quis ficar mais um pouco

Na calmaria do sono

Entre lençóis feitos dunas

Grãos caídos dos segundos.

Eu quis ficar mais um pouco

Abaixo da linha das unhas

Por detrás do torso, em toque

Eu quis ficar mais um pouco, 

pressionando

pouco mais fundo,

ali onde o fio da garra 

está prestes a ferir, e dói.


Entre o perfume da pele, 

E a textura dos pelos

No esquadro deste teu corpo

Eu quis ficar mais um pouco

Na saliva que junta e enlaça

os peixes livres dos lábios. 


No esquadro deste teu corpo

Eu quis ficar mais um pouco

mastigar um sopro mais morno,

cantar um suspiro sereno,

Eu desejei engendrar-me

No sonho por trás das pestanas

E no teu cerne de líquen, 

Ser flor.


Eu quis 

ficar mais um pouco

No arroubo que passou,

Na esquina da mera quimera

Das partidas e dos pousos,

Eu quis ficar mais um pouco.


Mas a medida era tua,

Esquadro agudo.

Teu ouvido, mouco. 

Meu falar, mudo. 

Um ângulo obtuso

Que não coube no cubo.

Pássaro louco

Que quis ser tudo...


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