SOBRE A AUTORA
Talita Lemos Koyano Bortolotte é psicóloga e mãe de duas meninas gêmeas de dois anos. Após o nascimento de suas filhas, optou por reestruturar sua carreira profissional de forma a poder acompanhar o desenvolvimento de suas filhas e, então, começou a utilizar sua habilidade de escrita, antes apenas um hobbie, como um novo caminho profissional como escritora. Autora do livro "Notas de uma mãe", do qual faz parte o texto "Às vezes, o amor ganha forma" semifinalista do concurso Prata da Casa. Boa parte de seus textos apresentam reflexões sobre o mundo da maternidade, introspecções profundamente íntimas, mas que são também eco das vivências do mundo materno de outras muitas mulheres ao longo dos tempos. Sua especialidade hoje são crônicas e cartas que falam de emoções, inseguranças, desejos, incertezas e amor, em dose dupla.
A CRÔNICA SEMIFINALISTA
Às vezes, o amor ganha forma
Às vezes, o amor ganha forma. Ganha cor, ganha fôlego, ganha vida.
É difícil compreender, quanto mais explicar. Amor de mãe é sobrenatural. Não é amor à primeira vista. É construído e lapidado dia a dia.
Desde o desejo, ou a ausência dele, de ser mãe. Nos testes de gravidez. Nos exames ao longo da gestação. No parto. Nas noites em claro. No alimentar. No cuidar. No maternar. Nas lágrimas. Nas alegrias.
Por vezes, o amor se veste de sorrisos e olhinhos brilhantes que correm por aí explorando e se maravilhando com a sensação gostosa de pisar descalço na grama ou juntar pedras em um potinho.
Quem sabe, o amor tenha a forma de mãozinhas inquietas colhendo flores coloridas no jardim ou acariciando os pelos de uma golden retriever imensa e carente.
Inúmeras vezes, ele se materializa naquele abraço apertado, coração com coração, e que tem o poder de acalmar a alma. Talvez, esteja no beijo inesperado, melecado de morango ou suco de uva.
O amor pode ter cheiro de banho de chuva e da água espirrando para todos os lados com os “imensos” saltos nas poças de água que se formam. Pode estar no cheiro de terra molhada, nas mãos sujas pelas flores colhidas no caminho (murchinhas, murchinhas, mas ainda assim encantadoras). Muitas vezes, está nas gargalhadas que ecoam pela casa, nas conversas e risadas no quarto ao lado ou na milésima vez que você ouve “mamãe!” Às 7 horas da manhã.
Talvez, tenha sabor de uva passa, de farofa de banana com ovo, de batata doce na airfryer, de bolinho de banana feito a 6 mãos ou de pão de queijo quentinho.
Quem sabe tenha a cor dos cabelos castanhos escuros, da pele clara, dos olhos de jabuticaba, do mar onde os pezinhos se molharam ou ainda do céu quando se despediram do sol.
Por vezes, o amor tem nome e sobrenome. Mas a gente sabe que ele fica evidente mesmo quando ganha aquele apelido carinhoso que só surgiu porque vocês existem um para o outro.
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